quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

ANTi: Uma Rihanna "do contra"



Após longos três anos de espera, finalmente, o aguardado oitavo álbum de Rihanna está entre nós. É seu primeiro trabalho desde o último disco, Unapologetic (2012), responsável por mais um de seus grandes hits, a ótima “Diamonds”.

Com três singles sem muito sucesso comercial (FourFive Seconds, American Oxygen e Bitch Better Haver My Money) lançados em 2015, a barbadiana deixou os fãs com grandes expectativas durante todo o resto do ano após o anúncio do título e capa do álbum batizado de “Anti”. Um disco sem muitos hits aparentes, mas com petulância e força lírica na qual Riri (como carinhosamente é chamada) nunca usou de forma tão magistral.

"Tenho que fazer as coisas do meu jeito, querido", assim ela cita em Consideration, canção que abre o álbum com participação da cantora SZA. A faixa é feroz e crítica, um manifesto de uma cantora que quer mostrar muito mais do que sua reputação de hitmaker apresenta. E é nesse momento que vemos que a velha Rihanna ''chuta o balde'' e nos entrega um trabalho, unanimemente, distinto de todos os seus trabalhos.

Não há batidas frenéticas, nem muito refrão chiclete, ainda que sua primeira faixa de trabalho, Work, em parceria com o rapper Drake (que trabalhou com ela em What’s My Name e Take Care), seja uma das mais grudentas do disco. A prova dessa “quebra” radiofônica são a enigmática James Joint e Yeah, I Said It, uma sonolenta canção produzida por Timbaland, um dos renomados produtores do disco.

Capa oficial de ANTi, lançado em 27 de Janeiro.
Mas nem tudo são flores, pois há pontos que soam negativos, como a entediante Woo, canção produzida por Travis Scott, e faixas da versão deluxe, Godnight Gotham (contendo samples de Only It For A Night, de Florence & The Machine), que teria sido uma brilhante intro para o álbum, além de Sex With Me, que mais parece uma demo descartada que uma inédita digna de um comeback.

E entre os flertes com batidas cibernéticas como na ótima Desperado e Kiss T Better, que por sinal é a mais radiofônica, ela nos presenteia com o delicioso cover de Same Ol’ Mistakes, de Tame Impala (intitulada “New Person, same mistakes) e lindas melodias, a dedilhada Never Ending e Close To You. Esta última, por sinal, é a única que lembra a sonoridade da cantora em seus álbuns anteriores.

 Mas Anti brilha mesmo é nas partes mais profundas e românticas de Rihanna. Partes estas que, em sua evolução, traz vocais maduros e impressionantemente bem usados, como em Love On The Brain, que arrisco a dizer que é a melhor faixa do disco, além da embreagada canção retrô, Higher. Daí percebemos que Rihanna, mesmo com um material considerados por muitos, bagunçado, o disco conversa entre si em momentos confiantes e inseguros ao mesmo tempo, sem ter uma sonoridade tão diversificada. O que não tem acontecido nos últimos discos, Talk That Talk(2011) e Unapologetic (2012).

Anti, então, acaba sendo um álbum que, apesar de ser desprendido de grandes canções radiofônicas ou club-friendly, funciona como um todo. É caótico sem ser desorganizado, forte sem apelar, sensível sem ser demasiado melodramático. Mais do que isso, é a prova de que não há fórmulas ou padrões estéticos com Rihanna, o que deixa mais evidente o título de uma das artistas mais versáteis da atualidade.

Sendo assim, este trabalho pode não ser lembrado como o melhor de Rihanna, mas, daqui a uns anos, certamente, será um dos mais influentes. Mas até lá, é preciso ouvir com atenção cada música e estar aberto a descobrir novas boas nuances, ainda que não seja um álbum de fácil digestão à primeiro impacto. E o mais importante, além de revelar um material tão voraz e ao mesmo tempo sutil, Anti faz justiça ao seu título e nos entrega justamente o que propõe, ser "do contra". Go Bad Gal!





"Texto espotâneo, com erros, acertos, texto humano!"


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