Após
longos três anos de espera, finalmente, o aguardado oitavo álbum de Rihanna
está entre nós. É seu primeiro trabalho desde o último disco, Unapologetic
(2012), responsável por mais um de seus grandes hits, a ótima “Diamonds”.
Com
três singles sem muito sucesso comercial (FourFive
Seconds, American Oxygen e Bitch Better Haver My Money) lançados em 2015, a
barbadiana deixou os fãs com grandes expectativas durante todo o resto do ano
após o anúncio do título e capa do álbum batizado de “Anti”. Um disco sem
muitos hits aparentes, mas com petulância e força lírica na qual Riri (como carinhosamente é chamada)
nunca usou de forma tão magistral.
"Tenho que fazer as
coisas do meu jeito, querido", assim ela cita em Consideration, canção que abre o álbum
com participação da cantora SZA. A faixa é feroz e crítica, um manifesto de uma
cantora que quer mostrar muito mais do que sua reputação de hitmaker apresenta.
E é nesse momento que vemos que a velha Rihanna ''chuta o balde'' e nos entrega um
trabalho, unanimemente, distinto de todos os seus trabalhos.
Não
há batidas frenéticas, nem muito refrão chiclete, ainda que sua primeira
faixa de trabalho, Work, em parceria com o rapper Drake (que trabalhou com ela em What’s My Name e Take Care), seja uma das mais grudentas do disco. A prova dessa
“quebra” radiofônica são a enigmática James Joint e Yeah, I Said It, uma
sonolenta canção produzida por Timbaland, um dos renomados produtores do disco.
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Capa oficial de ANTi, lançado em 27 de Janeiro. |
Mas
nem tudo são flores, pois há pontos que soam negativos, como a entediante Woo,
canção produzida por Travis Scott, e faixas da versão deluxe, Godnight
Gotham (contendo samples de Only It For A Night, de Florence & The
Machine), que teria sido uma brilhante intro para o álbum, além de Sex With Me,
que mais parece uma demo descartada que uma inédita digna de um comeback.
E
entre os flertes com batidas cibernéticas como na ótima Desperado e Kiss T Better,
que por sinal é a mais radiofônica, ela nos presenteia com o delicioso cover de
Same Ol’ Mistakes, de Tame Impala (intitulada “New Person, same mistakes) e
lindas melodias, a dedilhada Never Ending e Close To You. Esta última, por sinal, é a única que lembra a
sonoridade da cantora em seus álbuns anteriores.
Mas Anti brilha mesmo é nas partes mais
profundas e românticas de Rihanna. Partes estas que, em sua evolução, traz
vocais maduros e impressionantemente bem usados, como em Love On The Brain, que
arrisco a dizer que é a melhor faixa do disco, além da embreagada canção retrô,
Higher.
Daí percebemos que Rihanna, mesmo com um material considerados por muitos,
bagunçado, o disco conversa entre si em momentos confiantes e inseguros ao mesmo
tempo, sem ter uma sonoridade tão diversificada. O que não tem acontecido nos
últimos discos, Talk That Talk(2011) e Unapologetic (2012).
Anti,
então, acaba sendo um álbum que, apesar de ser desprendido de grandes canções
radiofônicas ou club-friendly, funciona como um todo. É caótico sem ser
desorganizado, forte sem apelar, sensível sem ser demasiado melodramático. Mais
do que isso, é a prova de que não há fórmulas ou padrões estéticos com Rihanna,
o que deixa mais evidente o título de uma das artistas mais versáteis da
atualidade.
Sendo
assim, este trabalho pode não ser lembrado como o melhor de Rihanna, mas, daqui
a uns anos, certamente, será um dos mais influentes. Mas até lá, é preciso ouvir com
atenção cada música e estar aberto a descobrir novas boas nuances, ainda que
não seja um álbum de fácil digestão à primeiro impacto. E o mais importante, além de revelar um material tão voraz e ao mesmo tempo sutil, Anti faz justiça ao seu título e nos entrega justamente o que propõe, ser "do contra". Go Bad Gal!
"Texto espotâneo, com erros, acertos, texto humano!"
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