sexta-feira, 10 de abril de 2015

ULTRAVIOLENCE: Uma reflexão sobre a violência contra a mulher a partir da música de Lana Del Rey

Foram muitas as críticas à cantora americana Lana Del Rey no lançamento de sua música (que também é título do álbum) chamada Ultraviolence, em 2014. O álbum foi aclamado pela crítica especializada por sua sonoridade pesada e melancólica e um forte conteúdo lírico nos temas das canções. Porém, a canção Ultraviolence não foi muito bem recebida por alguns críticos que alegam a existência de um forte conteúdo que enaltece violência doméstica.
Nolan Feeney, da revista americana Time, nos trechos “Jim me bateu e foi como um beijo" e “Me dê toda sua ultraviolência” enaltecem o abuso físico e emocional da mulher. Em contrapartida, uma repórter da revista britânica New Statesman, Daisy Lafarge, chegou a questionar se a canção apologiza mesmo à violência doméstica ou uma apelo para mostrar a realidade de uma mulher submissa. "É contraprodutivo atacar Lana Del Rey por cantar aquilo que é o triste reflexo de uma experiência habitual de inúmeras mulheres. Em vez de acreditar no mito pós-feminista que tem fracassado, deveríamos focar-nos em cultivar o amor-próprio, e o amor para aquelas mulheres ameaçadas pela violência, para quem a passagem 'Isto é ultraviolência'... 'Posso ouvir sirenes, sirenes' é uma realidade diária" comenta a jornalista.



Ao analisar a letra da canção, resolvi explicitar meu ponto de vista em relação ao seu conteúdo. Minha primeira impressão é que a letra é nada mais que um retrato de uma realidade, inclusive, de muitas mulheres que são escravas do amor que sentem por um homem violento. No trecho “Ele me bateu e foi como um beijo, posso ouvir violinos, violinos” pode muito bem refletir sobre o morde/assopra de alguns relacionamentos que, em muitas vezes, o homem agride a mulher e depois se arrepende, se derrete, faz promessas e serenatas. A mulher pode se deixar levar pelo amor que sente e que não consegue se desvencilhar. Seria injusto julgar Lana pelo conteúdo da canção que, para mim, é um grito para as mulheres que vivem na submissão e não intentam sair de sua redoma destrutiva.
É difícil se desprender quando se ama, mesmo na dor, a mulher teme e se resguarda, ela decide ficar. Mas essa estabilidade sempre se rompe, quando se quer amar eternamente, mas o mesmo tempo deseja partir como em “Eu te amei pela primeira vez, Eu te amei pela última vez”. Mas o preço a pagar é alto, tem que haver um teatro, um fingimento, esconder-se por trás do sorriso e do amor luxurioso no verso “Chorando lágrimas de ouro, como Marylin”. É uma referência à senhorita Monroe, que por anos viveu uma vida de explorações e sofrimentos, mas camufladas pelo brilho e a riqueza.
Por vezes, o amor sempre fala mais alto. Por ele, essa mulher (retratada da música) faz tudo. É obcecada, o ama infinitamente. Ama sua forma de chama-la de “beladona”, pois o que ele sente é amor, assim como no trecho “Ele me feriu, mas parecia que era amor verdadeiro”.
O amor ultraviolento nos versos de Lana parece não ser o mais adequado, nem o mais sujo. É apenas uma imagem, uma projeção de alguém que age com o seu próprio coração, independente do seu sofrimento, de suas dores externas e internas. Tudo o que ela quer é o amor verdadeiro, “abençoada é essa união”, cheia de amor e ódio.  O que vale lembrar é que, independentemente de seu real significado, Ultraviolence é uma belíssima canção surf rock que merece ser apreciada pela qualidade musical e a impecável e sussurrante interpretação de Del Rey.

Por Eloy Vieira

Ouça Ultraviolence




2 comentários:

  1. Eu andei pesquisando sobre a letra de Ultraviolence e esse foi um dos poucos sites que argumentaram algo que realmente fez algum sentido. Na real eu não sei se o problema é com meu computador ou com meu navegador, mas aparentemente a ultima atualização do blog foi em 2016, é isso mesmo? Eu encontrei esse blog hoje e cheguei até a ficar triste por ver que, pelo que aparenta, não está ativo a um bom tempinho. Enfim, achei muito explicativo tudo que foi falado aqui, além de ter sido muito útil.
    Mesmo que ninguém veja isso, me sinto na obrigação de comentar sobre como o blog é incrível!

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